Entregar-me a humildade de ser brisa
aquela da insignificante importância
entre o suor vivo - incômodo do calor
e o assombro do trovão que anuncia a tempestade,
é água mole que leva o que não fica,
o menor onde reside um miúdo-imenso contentamento
ser o que se é, habitando a minúcia
minúscula fenda entre o que foi e o que será
abismo, lugar, aquilo, tempo, algo ou alguém
largo e vertiginoso que desconheço em mim.
aquela da insignificante importância
entre o suor vivo - incômodo do calor
e o assombro do trovão que anuncia a tempestade,
é água mole que leva o que não fica,
o menor onde reside um miúdo-imenso contentamento
ser o que se é, habitando a minúcia
minúscula fenda entre o que foi e o que será
abismo, lugar, aquilo, tempo, algo ou alguém
largo e vertiginoso que desconheço em mim.
Con-fiança é o derrame de uma linha
fiar é trama que me arrasta ao esquisito
fé no outro, em mim, na vida:
coisa suave, de só sentir
que inclusive exige mais delicadeza
e menos munição.
Não se trata de combater e sim concebê-la.
Uma crença ignorante em palavras,
sabor de quem pressente liberdade,
arrebatadora,
menos por aquilo que a mira alcança
e mais pela distância lançada entre os corpos.
No pé de trás abandono os cadáveres,
o outro é vítima do frescor de só estar na grama.
Caminhar fiando o percurso
é deriva de acontecer fazendo.
Rio nos corpos, pirilampos
frio no pé, calor na língua
e abraços caninos de relva na noite,
anunciando uma natureza
nem planejada ou prevista,
só um desejo do inevitável aconteceu:
um ritmo diferente de ontem e provisório para amanhã,
assoviando que não será esquecido,
lugarejo onde contínuas águas me passam.
Toco com os poros,
passos despidos em lugares mansos e urgentes,
lugarejo onde contínuas águas me passam.
Toco com os poros,
passos despidos em lugares mansos e urgentes,
um fundo?
Sim!
a geografia das forças que me rebelam,
Sim!
a geografia das forças que me rebelam,
me lança para onde já nem sou mais refém.
A alegria de dentro é tão bonita, que nada
tão liberta, que voa,
é tão amiga, que abraça
já nem tem autoria
e agora é tão conquista,
cuidado do acaso,que não está em qualquer outro corpo que não o meu.
Nem é larga, em letras garrafais,
mas é tão legítima de um percurso,
dasate do nós,
que funda uma clandestinidade em mim.
Do desejo de aguar ao delírio de fluir.
Do desejo de aguar ao delírio de fluir.
Um sacolejo desancorado me resgata da indiferença inexistente;
sofro de um segredo antigo que me toca novamente:
desassossego,
diferença,
pura rede do desembaraço em existir,
nuances daquelas ondas que já nem são mais as mesmas.
nuances daquelas ondas que já nem são mais as mesmas.
Um ar me escapa do peito,
susto?
um soluço
de quem cometeu um crime,
frio?
Não...
é beleza escandalosa
ritmo pulsante de voz denunciando:
Socorro! a vida me passa!!!
Desvairadas forças me invadem
me arrancam os órgãos da dor.
Sobre isso não há muito que fazer
senão nadar.
Uma inclinação pra chuva me acompanha:
cair fundo e deslizar no horizonte.
Aviso aos amigos
que não se trata de algo grave ou agudo
é apenas uma vida cronicamente delicada,
inquieta e teimosa
que insiste em alegrar-se;
é só aquilo que me nasce de novo,
na inventividade de sentir,
sempre como uma primeira vez.
Lembram que lhes contei de uma linha, um fio?
então,
ele é um regato, fino, delgado e honesto,
menos por limpeza de caráter
e mais porque a vida é corda que não autoriza o abandono.
Dis-traída sim, jamais renunciada.
Gracias a la vida?
Sim!!!
Agradeço o regalo,
entregue, pequena
em silêncio,
sal,
gargalhadas e águas misturadas.
Agradecimento,
não mais por gentileza e/ou esperança,
é só afirmação da insuficiência de palavras contando
que sem ela,
já nem sei mais viver.
Retrato: Descabelo baiano flagrado por Vitor Freire (Salvador - nov. 07)

2 comentários:
Grandes são os soluços, que transmutam dores mudas em dádivas gritantes !
Um sopro de vida! É disso que vire e mexe precisamos, quando esquecemos pra que viemos e apenas existimos.
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