Era então o mundo
dentro das pequenas bolas verdes
Eram as idades
todas despecando
uma depois da outra
memórias bagunçando os tempos
magenta e planos
e depois horizontes e amarelo
pedaços de vida vindo e indo outra vez.
Desavisada
destranquei a porta daquele pesar
(o mais difícil de partir, porque era de alta estima).
Depois disso o olhar se afogou
e não me recordo direito
a voz era mais doce
e a carne macia de novo.
Havia uma marca que não era buraco
tinha lastro
mas não era reio
era vazio
mas todo pleno.
A última volta da chave denunciava
olho
e corpo não é mais o mesmo!
Eu vi mesmo esse retrato...
só não sei se foi dentro ou fora da pele.
É isso que faz um lugar: o chegar e o partir .*
dentro das pequenas bolas verdes
Eram as idades
todas despecando
uma depois da outra
memórias bagunçando os tempos
magenta e planos
e depois horizontes e amarelo
pedaços de vida vindo e indo outra vez.
Desavisada
destranquei a porta daquele pesar
(o mais difícil de partir, porque era de alta estima).
Depois disso o olhar se afogou
e não me recordo direito
a voz era mais doce
e a carne macia de novo.
Havia uma marca que não era buraco
tinha lastro
mas não era reio
era vazio
mas todo pleno.
A última volta da chave denunciava
olho
e corpo não é mais o mesmo!
Eu vi mesmo esse retrato...
só não sei se foi dentro ou fora da pele.
É isso que faz um lugar: o chegar e o partir .*
Retrato do meu último olhar.
*Mia Couto em Antes de Nascer o Mundo
*Mia Couto em Antes de Nascer o Mundo
Um comentário:
Tem um tempo para cada coisa, tempo de abraçar e tempo de soltar o abraço, tempo de ir de vir de voltar de tecer destecer amar desamar...
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