segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Desassossego: Un recuerdo

Perturbados fazemos montagens de recortes
doloridos, combinações de compassos, engulhos, entulhos de dor.
Picotamos
matéria prima, combinamos pedaços, fraturas de umbigo, vertigens do corpo,
torrente de vida, corte na carne; nosso chão: dor de existir - vivente.
Experimentamos rasgos de engasgos cotidianos, ranhuras do inusitado, texturas do
que ainda não há.
Desassossego é o que nos une, porque é carne trêmula e é
no quintal dos nossos encontros que os des-saberes ganham abrigo pleno em nossos
desejos.
Tua mão me redesenha em teu verbo - poesia delirante. Meu corpo
reinventado por teus dedos, campo fértil de resistência contra uma vida mediana,
morada da mesmisse. O que era mesmo o princípio, ou o fim?
Tua-minha dor
perdem formas e ganham ritmos na comunhão de nossas curvas – cambalhotas de
delírio, piruetas de saltos, fagulhas transbordantes de viver.
Duo-lírios:
soma da dor e multiplicação da intensidade insana de dois à elevada à ilimitada
potência de vida: amor em excesso nunca é demais, ele é uma oficina, que se
reinventa nas rebarbas também.
Asas quebradas, principiadas num pesar sem
rumo, amanhecem macias em nossas coxas de serpentear.
Desassossego a dois
inaugura mundos e é terra a deriva no salto mortal para a vida. Quando a
angústia se afinar em teu peito, guarde um tanto de molejo para nossos corpos e
outro para o chão daqueles sonhos-impulso dos teus vôos.
(resposta ao texto disponível aqui)
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