Talvez o mais bonito dos encontros esteja no que não foi dito, nem por histeria ou desejo de falta, mas agora me parece que qualquer palavra é insuficiente pra contar o que acontece. É que nesta lacuna há um tempo em que menos do que explicar, é preciso viver - tessitura de um sentido; lugar onde um bocado de impossível também nos desenha, parindo filhos no mesmo corpo, nos fazendo estrangeiros em nossos próprios caminhos. As vezes sinto que só um tanto de liberdade, inclusive para não dizer, ou falar não, faz o que é, ou o que vai se fazendo.Acho possível qualquer encontro entre diferentes criaturas, contudo difícil e provável no tempo de tantas coisas (metrô, inclui, trabalho, deleta, assiste, retira, agendas, guerras, semáforos...). Um monte de convites, salpicados de fugas, mãos e insustentabilidade de estar junto. Há também aqueles momentos em que finalmente dizemos "SIM!": uma autorização para que o outro se mantenha outro em seu abismo e ainda deste lugar finalmente nos toque, nos entre, logo saindo, quando sem maiores pretenções deliberamos que simplismente seja(mos) horizonte. Talvez isso, na presença ou ausência de palavras, mais ou menos toscas seja um comum desejo, entre nós, demasiadas criaturas.No corpo tem uma tolerância, resistência além: ternura vital ao convívio de mamíferos e uma raiva necessária, que eu quero toda porque é nossa também; um lugar de lembrança, de atual que é hoje, que pouco importa a hora ou onde. Tem um espaço que é cálido, tácito, ontem, amanhã, entre, agora e urgente, quando num encontro finalmente se refaz espaço-tempo, importância de viver, e é nesta fronteira que finalmente reaprendendo com quantos dentes se faz um sorriso!!!Neste sentir há sempre uma largueza primeira, nem sempre altiva ou miserável, onde humilho meu orgulho, algo que deixa de ser segredo, porque nem é tão privado assim, uma coisa que afirmo somente na solidão diante da tela, dos olhos que que não me vêem: a miudeza de tais palavras não é indolor só porque lava meu rosto e tece nossos sorrisos, é possível que só consiga proferí-las por reconhecer sua efemeridade e desejar que permaneçam, elas, vocês, recordadas, grifadas, aqui, todo mundo dentro de mim.Existe um silêncio quase anscestral que nem sempre é abandono, toda vez que se hospeda na gente, é como se fosse a primeira, é como um hóspede nos conhecidos sentimentos, as vezes quando chamado de solidão ele também atende, desde que haja coragem e amizade e quando convidado, simplismente vem nos derivar. Ele se assusta com o frenesis dos falatórios, mas no fundo é só a gente convulsionando, de vida estranha pulsando.De tempos em tempos sinto essa liberdade sem data ou nome me arrastando, talvez porque só um acaso necessário possa nos tomar os destinos (ou desatinos?). Não canso de me surpreender com uma habilidade de lembrar e perceber onde o cabelo faz a curva, sensibilidade onde nos dobramos sobre a própria existência. Arrisco dizer que o mais sagrado disso, é que nunca conseguimos fazê-lo exclusivamente só. Então, ausente de explicações ou garantias só sei, baixo, sem palavras, consciência ou nomes, vezes mais malemolente, outras mais ávida, circense ou milongueira, que é tempo de dizer SIM!!! a todo eterno-finito que pode caber nestas três letras.
Mãos anônimas e de todos, por Saudek.
Pessoas passadas e presentes, que me vararam na vida e grafia do texto: Eymard, Glória e Bruno.

5 comentários:
Beautiful!
Com quantos dentes se faz um sorriso? Vou contar os nossos, pois seu sorriso é magnético, faz com que minha boca também se abra e arregale meus dentes.
um beijo terno
lindo! o verde do laranjal e as calçadas das noites no porto em satolp mandam lembranças ternas p a senhora.
bju.
Oi queridíssima,
Adorei seu texto!!! Aliás, como sempre adoro o que vem dessa pessoa vc!!!
Luis
lindo, lindo. de uma beleza estonteante, chego a ver os passos pelas experiências que carregas no que é caminho...
tempo de dizer "sim", da afirmação e crueldade que tem uma escolha, que têm todas as escolhas. tempo de afirmar, como a pergunta que tanto me lembra os uruguaios do horizonte largo, "que passa", algo de uma serenidade sem impessoalidade... algo destes horizontes...
Lindo tudo. cada hífen ou lacuna. Tudo está pleno deste "sim".
Oi Daniela, estou encantada com seus escritos, também fui aluna da professora Adriana, que é também meu xodó de professora, de amiga, de tudo. Pelo jeito, temos duas coisas em comum, gostar de escrever e gostar de gente boa, rss. Também acho que um pouco de impossível também nos desenha, nos enfeitando de possível. Um grande beijo. kely
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